PARABÉNS MATA VERDE PELA GRANDE VITÓRIA
Os reis do sol
do sertão Nordestino
Nos
sertões do nordeste não permite que nasça a plantação, é um caos, é um inferno,
sertanejo sem inverno é ave de arribação. O sertão sem chuva é fogo e o ar tem
cheiro da morte, açudes de médio porte arriscando a própria sorte nestas terras
do sertão. As folhas caem morre o gado sai o povo, o vento varre a campina
rebenta a seca dinovo.
A
fome se manifesta por falta de chão molhado não tem milho pra galinha, nem
pasto verde para o gado. Os sertanejos padecem e às vezes até falecem, de tanto
ser flagelados.
Parece que é mesmo
intriga da chuva com meu sertão, chove no sul e sudeste aqui só ronca o trovão.
A chuva vai pro oeste, não caindo no nordeste, nem água de cerração. Mas os que
padecem na dor não aguentam a desolação Juntam os trapos numa trouxa jogam em
cima de um caminhão. Outros vão marchando a pé abandonando o sertão.
Nordeste de
Canudos, De Antonio Conselheiro, Da fé do “Padim Padi Ciço” Do lavrador, do
vaqueiro. De um cabra afogueado, Um terrível capitão, Com ele era na bala, Não tinha conversa não! Cabra da peste
arretado Robin Hood do sertão, Virgulino, o rei do cangaço, O temível Lampião!
Meu padim pade cico, clareia a inspiração, pra falar desta mulher, arretada feito o cão, nasceu lá em Paulo Afonso há um tempo bem passado Maria Gomes de Oliveira Foi seu nome Batizado, agora é Maria bonita pra amançar o cangaço.
O seu nome era cristino já um homem em formação convocado pelo exercito
lá foi servir a nação, porém logo desertou e na fuga se aliou ao bando de
lampião. E ao chegar no sertão pensou logo em visitar os primos recém chegados Curisco
conheceu Dadá, menina-moça e formosa no
seu rastro quem era doido pisar?
Meus amigos prestem muita atenção, para muitos são bandidos sanguinários, para outros heróis do sertão, para nós é história contada pra esta grande nação, na harmonia de Luiz Gonzaga da sanfona, nas cordas do violão, nas notas alegres ou triste na sinfonia do coração. É neste cordel bem bonito que iremos iniciar as nossas apresentações.
Quando a morte
passa a ser sua companhia diária o homem reage. Alguns se entregam ao
desespero, à passividade e ao desalento. Outros, de índole mais agressiva,
revoltam-se e pegam em armas. Os que não têm nada querem alguma coisa; os que
têm pouco querem mais, muito mais, pois o coronel está séculos à sua frente. A
pobreza, a falta de esperanças e a revolta não foram as únicas. Isso é mais que
certo. Mas foram estas circunstâncias as mais importantes para que começassem a
surgir os cangaceiros. Muitos, como dissemos, eram pequenos proprietários, mas
mesmo assim tinham que se sujeitar aos coronéis. Do meio do povo sertanejo rude
e maltratado surgiram os cangaceiros mais convictos de que lutavam pela
sobrevivência.
Entres estes
sertanejos quem era capaz de calar a boca das resistências ao poder
centralizador dos donos de terras?
Há
quatro coisas no mundo que alegra um cabra macho: dinheiro e moça bonita,
cavalo estradeiro baixo clavinote e cartucheira pra quem anda no cangaço. A
muié pra vivê no Cangaço tem que sê valente e gosta de sol quente, ser como uma
fera perigosa, causar terror sem piedade, ser amigo dos pobres numa valentia de
uma cobra que ao gerir seu veneno é morte certa.
Lampião
se declara um semi deus, mandava e desmandava no sertão nordestino, homem
valente e perigoso: assaltavam fazendas, sequestravam coronéis (grandes
fazendeiros) e saqueavam comboios e armazéns,
matando gente e animais, incendiando propriedades, desordenando famílias
numa série inenarrável de crimes dos mais pavorosos e hediondos. Não tinham
moradia fixa: viviam perambulando pelo sertão, praticando seus crimes, fugindo
e se escondendo. O cangaceiro era um guerreiro extraviado no tempo, com
sentimentos de honra e lealdade fora dos padrões normais.
Com
o título alcançado devido as suas atrocidades e
métodos desumanos dominou o semi-árido de seis estados nordestinos:
Alagoas, Sergipe, Bahia, Paraíba, Ceará e, em uma oportunidade, esteve no Rio
Grande do Norte, desafiando volantes policiais, infligindo-lhes vergonhosas
derrotas. Entre as suas façanhas encontra-se o roubo da Baronesa de Água
Branca, o ataque a Sousa e a tentativa de saquear Mossoró.
Eles
praticavam horrores assassinou um prisioneiro, como torturou uma velha que o
amaldiçoara (sem saber de quem se tratava) fazendo-a dançar com um pé de
mandacaru até morrer, como matou sadicamente um de seus homens, que o ofendera,
obrigando-o a comer um litro de sal.
Isto
foi pouco pra tanta maldade que ele cometiam. Os grupos e subgrupos formados
pelos cangaceiros existiam em grande quantidade. Era habitual que depois de
participar de um agrupamento durante algum tempo o indivíduo se sentisse apto a
ter seu próprio bando.
No momento em que
achava que estava preparado para ter sua própria organização ele se dirigia a
seu líder e expunha seus planos. Dessa forma os grupos iam se subdividindo ou
se reagrupando, num contínuo e alternado processo de divisão e crescimento.
Assim
surgiam os numerosos líderes de bandos, tantos que a maioria teve seus nomes
esquecidos pela história. Mas nenhum deles destacou-se tanto quanto Lampião.
Lampião, ao contrário do que muita gente pensa, não foi o primeiro cangaceiro,
mas foi, praticamente, o último. Sem dúvida nenhuma foi o mais importante e o
mais famoso de todos. Seu nome e seus feitos chegaram a todos os recantos de
nosso país e até ao exterior, sendo objeto de reportagens da imprensa
internacional. E o que dizer da mulher valente do sertão?
Ela não se tornou símbolo do feminismo brasileiro, ela se tornou sinônimo de
mulher corajosa, decidida, que rompeu parâmetros de uma época para seguir um
grupo comandado por um homem que vivia à margem da lei. Pode ter se tornado
exemplo para algumas outras mulheres, porém não foi intencional, ela foi para o
cangaço apenas por ter se apaixonado por Lampião.
Meu
nome é Maria Gomes de oliveira, nasci em santa Brígida estado da Bahia. Na flor
da minha mocidade aos 15 anos me casei com um sapateiro, cabra froxo que nem
cria ele mim dava. Eu era uma mulher muito infeliz com um homem que nem coragem de enfrentar brigas de calango ele era capaz, era um beberrão ordinário.
Eu
tinha certa admiração por homem bravo, até que força do destino me apresentou
um cabra da peste: Virgulino. Minha mãe era coitera de nascença e me apresentou:
oxe! E eu sou mulher pra dizer não, conheci o homem dos meus sonhos. Fiz uma
escolha descente, optei por estar ao lado de lampião e seu bando. Escolhi o
caminho do amor e me tornei Maria bonita a primeira cangaceira do sol do sertão.
Mas, com uma condição, tive que renunciar a tranquilidade de casa e da
convivência com os meus pais e irmãos para entrar neste mundo masculino,
bandido, de incertezas da caatinga, para estar ao lado do meu amor e enfrentar
os macacos e destruí-los.
Depois
de eu, foram surgindo outras mulheres no comboio, inclusive a minha comadre Dadá
que era igual a mim, éramos tratadas como Rainhas, andávamos enfeitadas,
cobertas com perfume e joias em ouro e prata para agradar os nossos
companheiros. Ti amos o domínio dos nossos maridos. E se uma delas
desobedecesse ou cometesse traição era morta apenas com uma bala pra economizar,
(obs:com ironia e risadas).
Oxe!Houve varias batalhas em nosso
bando com os oficias, mas destacamos três confrontos que alcançamos com sucesso
e fracasso para os oficiais nestas terras secas do nordeste: a batalha em Serra
grande, natal e serra talhada (PE). Eram 320 soldados armados até os dentes
contra 80 cangaceiros do meu capitão. As forças oficiais eram comandadas pelo Major Teophane Ferraz Torres, pelo Capitão Higino
Belarmino de Morais, Sargentos Arlindo Rocha, Manoel Neto e Euclides Flor - estes
últimos já eram nossos inimigos desde a Vila de Nazaré. Nesse episódio, o nosso
bando enfrentou pela primeira vez uma volante com armas automáticas: duas
metralhadoras hotkiss. O enfrentamento começou na manhã do dia 26 de novembro de
1926 e se estendeu até o fim da tarde, quando as forças pernambucanas se
retiraram com cerca de 40 homens mortos ou feridos. Um bando de covardes!. No
comando do meu capitão Virgulino ninguém foi morto. Foi um grande sucesso das
nossas tropas em alcançar a vitória contra os volantes. O bando todo passou a
noite inteira comemorando a vitória com uma dança que nós mesmos criamos: a
disputa do xaxado. Um sertanejo
engraçadinho chegou perto de mim e disse que a expressão Xaxado surgiu e vem de
suas atividades, que é xaxar a bagem do feijão depois de retirada (colhida) na
roça, que é feito com um pau batendo o feijão, para retirar da bagem o caroço,
chamado assim xaxar, "vamos xaxar o feijão!". Mas para nós lampiões
xaxa era grito de guerra e celebrar as grandes vitórias.
Xaxado, meu bem, xaxado. Xaxado vem
do sertão, é dança dos cangaceiros dos cabras de Lampião.
Quando eu entro no xaxado. Ai meu
Deus, Eu num paro não. Xaxado é dança macha, Primo do baião.
Antigamente, era uma dança
exclusivamente masculina, que foi divulgada pelo Nordeste brasileiro pelo meu
capitão e todo o resto do bando, por isso ela ficou sendo associada ao Ciclo do
Cangaço. Originalmente o xaxado não era acompanhado por instrumentos. Só havia
o canto, com quadras e refrão, o arrastar das alpercatas e o compasso sendo
marcado pela pancada da coronha do rifle no chão. Gostávamos das letras das
músicas sempre agressivas e satíricas, (Risadas)
só assim a Câmara Cascuda considerava o xaxado como uma variante do Parraxaxá,
um canto de insulto da gente, executados nos intervalos das descargas dos
nossos fuzis contra a polícia:
Eu não respeito policia Soldado nunca foi gente Espero morrer de velho Dando carreira em tenente Aí moleque Higino Só tenho pra te dá:A bala do meu rifle, A ponta do meu punhá! É com a dança do xaxado que vamos comemorar.